segunda-feira, 14 de abril de 2008

MERGULHO II

Vôo
Sou ar
Como o sopro do vento
Renasço
O líquido amniótico que me envolve agora é azul
No ventre da minha mãe
Ainda me sinto inseguro
Tenho medo de prosseguir
Tudo é novo e fascinante
Um outro mundo
Que a princípio não me pertence
Nada é semelhante
E não nos identificamos com o que está próximo
E penso
Não sou nada
Deve ser o sentimento que temos ao nascer
Aqui
Neste exato momento re-renasço
Meus primeiros passos
Não têm chão
Estou de volta ao ventre materno
Preso a um cordão umbilical
Que se prende na escada
Que se prolonga e flutua até o meio da enseada
Esse é meu limite
Aonde me sinto seguro
Aonde as ondas não conseguem me levar
Parece pouco
Mas é eterno
Nunca antes havia visto algo assim
Sinto-me voando novamente
Abrigado pelas rochas
Pelas plantas que se deixam levar
Numa dança subaquática
Pelos peixes multicoloridos
Pelos corais
Pelos seres minúsculos
Que se assemelham aos grãos de pólen no ar
Tudo o que temia
Não faz sentido
Na prepotência do ser humano
Achamo-nos importantes demais
Antropocentrismo imbecil
Tudo está completo
Somos anexos
Visitantes
Intrusos desse paraíso
Como embriões
Pouco compreendemos
E muito temos a aprender
Agradeço ao criador por ter renascido aqui.

Nenhum comentário: